Pesquisa
No âmbito da Pesquisa, o Instituto Floresta Viva produz e promove dados e informações sobre conservação, preservação e restauração da biodiversidade do Sul da Bahia e do bioma Mata Atlântica, quase sempre em parceria com pesquisadores, professores e estudantes de universidades do Brasil e de outros países. É a partir da produção de conhecimento que a organização define e incrementa suas práticas ambientais, que incluem ações de restauração ambiental, assessoria técnica e produção de mudas da Mata Atlântica.
Árvores ameaçadas de extinção monitoradas e multiplicadas
O projeto Conservação da Flora Ameaçada do Sul da Bahia teve início no ano de 2019, por meio de uma parceria entre o Instituto Floresta Viva, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFBS), o Herbário do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC/CEPLAC), o Jardim Botânico de Nova York, com financiamento da Fundação Franklinia.
As atividades foram desenvolvidas em cinco municípios do sul da Bahia: Maraú, Itacaré, Uruçuca, Ilhéus e Una. Tais municípios abrigam espécies raras e ameaçadas, oferecendo alto potencial de conservação na própria localidade de origem, especialmente em áreas de preservação públicas ou privadas.
Marcação de matrizes, coleta de sementes para produção de mudas, estudos da distribuição das espécies de árvores nativas ameaçadas no território de atuação e oficinas participativas de educação ambiental foram as principais atividades desenvolvidas no projeto.
Em março de 2023, foi realizada a oficina de encerramento com o objetivo de apresentar os resultados alcançados e construir coletivamente propostas de ações estratégicas para a conservação da flora ameaçada do litoral sul da Bahia.
Os participantes foram reunidos em grupos de trabalho de acordo com temas e por zonas dos municípios. Cada grupo recebeu um roteiro de perguntas norteadoras e um conjunto de material didático para auxiliar suas discussões, como mapas e material informativo sobre distribuição das espécies contempladas na pesquisa.
Estiveram presentes nesta oficina alunos e professores da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Universidade Federal do Sul da Bahia, representantes da Secretaria do Meio Ambiente dos municípios de Uruçuca, Itacaré e Ilhéus, representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Uruçuca, representantes da organização Tabôa, agricultores do território e representantes da sociedade civil interessados no tema. A oficina foi uma ótima oportunidade de integração de atores envolvidos com a temática da conservação da Mata Atlântica do sul da Bahia.
Após a oficina, foi elaborado o relatório final do Projeto com os números finais da pesquisa e os principais encaminhamentos das discussões que foram realizadas em grupos. O resultado final consiste em uma base de dados robusta com objetivo de ser publicada como um artigo científico. Além da publicação, acreditamos na possibilidade de envolvimento da equipe de pesquisa do IFV em projetos de elaboração de PAN’s (Plano de Ação Nacional) das 28 espécies ameaçadas mapeadas, uma vez que temos subsídios para contribuir com proposições de roteiros, usos, manejo, propriedades agrossilviculturais, monitoramento e ampliação das matrizes de coleta, casando com outras atividades que são desenvolvidas pela organização.
Como principais resultados desse projeto, merecem destaque:
A marcação de 580 matrizes para coletas futuras de sementes/mudas, nos municípios de Ilhéus, Uruçuca, Itacaré e Maraú.
A doação de 28.115 mudas de 13 espécies, nos 5 municípios.
A concretização de 88 parcerias com proprietários rurais, que receberam doação de mudas e somaram esforços de restauração e conservação das espécies ameaçadas, nos municípios de Ilhéus, Uruçuca, Itacaré, Maraú e Teixeira de Freitas.
As espécies e quantidade das mudas doadas no início do ano de 2023
Nome Popular Nome Científico Quantidade
Cedro-rosa Cedrela odorata 208
Jacarandá-da-bahia Dalbergia nigra 380
Jequitibá-rosa Cariniana legalis 286
Massaranduba Manilkara maxima 16
Maçaranduba-de-Restinga Manilkara elata 106
Olho-de-boneca Abarema turbinata 06
Pau-brasil Paubrasilia echinata 06
Assistência técnica a produtores de cacau no sul da Bahia
O Aliança Cacau é um projeto de cunho técnico-científico, desenvolvido por meio da cooperação entre Cargill e o Instituto Floresta Viva com agricultores familiares cooperados
da COOPAFBASUL, em Ituberá- BA. O projeto promoveu assistência técnica e treinamentos para produtores de cacau da região e tem como foco o estudo do aprimoramento da produtividade em áreas de sistemas agroflorestais e em áreas de cabruca.
O início de 2023 esteve voltado para a finalização do Projeto. No mês de janeiro foi realizada a última oficina de capacitação dos técnicos participantes. A oficina teve como foco o beneficiamento de amêndoas de cacau de qualidade superior, e contou com a participação de 5 técnicos, 17 produtores e 23 convidados. O número total de participantes foi de 45 pessoas, sendo 35 homens e 10 mulheres.
A oficina foi realizada na fazenda Santa Rosa, em Camamú-BA e abordou a importância dos procedimentos adequados de colheita, fermentação, secagem e armazenamento de amêndoas de cacau para se obter um produto de maior qualidade, assim como sobre a importância de tratar as amêndoas de cacau como alimento e da adoção de medidas de higiene e de boas práticas de produção. Ao final da oficina os participantes receberam uma cartilha fornecida pelo CIC, de Beneficiamento de Cacau de Qualidade Superior, com o passo a passo das instruções transmitidas no treinamento.
O mês de fevereiro foi dedicado à coleta de depoimentos dos produtores que participaram do Projeto e nos meses de março e abril foi elaborado o relatório final.
O Projeto alcançou resultados bem superiores aos definidos em sua proposta inicial e foi bem avaliado pelos financiadores, com afirmativa de renovação em uma escala expandida para os próximos anos.
Apoio a pesquisas com foco na conservação da flora e da fauna da Mata Atlântica do sul da Bahia
A Fundação Rufford é uma instituição registrada no Reino Unido, que financia projetos de conservação da natureza em todo o mundo. O programa de bolsas financia pessoas que trabalham em países em desenvolvimento e que estão iniciando pesquisa de conservação e estabelecendo programas-piloto.
Esse programa identifica cientistas nos estágios iniciais de suas carreiras e fornece auxílios direcionados para que possam gerar impacto em termos de conservação. Os candidatos não estão restritos a cientistas qualificados, mas devem ser capazes de compilar um relatório escrito, descrever e quantificar o sucesso de seu trabalho com referências apropriadas.
No ano de 2023, a Rufford Foundation, mediante parceria com o Instituto Floresta Viva, concedeu quatro bolsas de estudo (mestrado e doutorado) para alunos da Universidade Estadual de Santa Cruz.
Martín de Jesús Cervantes López – O papel da estrutura da paisagem e da qualidade do hábitat na salvaguarda da diversidade de anfíbios e répteis em sistemas agroflorestais de cacau.
Ane Karoline Campos Fernandes – Plantar árvores não basta: a variabilidade genética é necessária para manter populações viáveis na restauração florestal
Zubaria Waqar – Parâmetros genéticos de Cariniana legalis (Mart.) Kuntze (Jequitibá-rosa) para restaurar e conservar a Mata Atlântica do Sul da Bahia.
José Victor Ferreira Alves – LET IT BEe: Revelando o papel das agroflorestas de cacau na manutenção de múltiplas dimensões da diversidade de abelhas e vespas em um hotspot global de biodiversidade.
Estudo sobre o pau-brasil com foco na silvicultura
O Instituto Floresta Viva e a Iniciativa de Conservação Internacional de Pernambuco (IPCI) firmaram em 2013 uma parceria para promover o pau-brasil como uma espécie de silvicultura no sul da Bahia.
A Iniciativa Internacional de Conservação de Pernambuco EUA é uma organização sem fins lucrativos dedicada à conservação e uso sustentável de Paubrasilia echinata, árvore comumente conhecida como pau- brasil ou pernambuco. São direcionados apoios a pesquisas, programas de replantio, divulgação educacional e outras medidas de conservação, aumentando o conhecimento científico da espécie.
Durante o ano de 2023, foram realizados monitoramentos nas parcelas referentes a pesquisa para a finalização de campanhas de campo.
A base de dados da pesquisa seguiu em avaliação para elaboração de artigo científico a ser submetido para publicação em uma revista de alto impacto. Serão apresentados os principais resultados sobre o desempenho de plantações de pau-brasil em diferentes localidades da Mata Atlântica, bem como a qualidade da madeira dos plantios, em função da idade das árvores.